quinta-feira, 22 de abril de 2010

Poesia: um gênero textual importante até na Educação Infantil


Se as coisas fossem mães
Sylvia Orthof









Se a lua fosse mãe, seria mãe das estrelas, o céu seria sua casa, casa das estrelas belas.

Se a sereia fosse mãe, seria mãe dos peixinhos,O mar seria um jardim e os barcos seus caminhos.

Se a casa fosse mãe, seria a mãe das janelas,Conversaria com a lua sobre as crianças estrelas,Falaria de receitas, pastéis de vento, quindins,Emprestaria a cozinha pra lua fazer pudins!

Se a terra fosse mãe,
seria a mãe das sementes, pois mãe é tudo que abraça,
acha graça e ama a gente.

Se uma fada fosse mãe, seria mãe da alegria.Toda mãe é um pouco fada...
Nossa mãe fada seria.

Se uma bruxa fosse mãe, seria mamãe gozada: Seria mãe das vassouras, da família vassourada!

Se a chaleira fosse mãe, seria mãe da água fervida,Faria chá e remédio para as doenças da vida.

Se a mesa fosse mãe, as filhas sendo cadeiras, sentariam comportadas, teriam "boas maneiras".

Cada mãe é diferente: mãe verdadeira, ou postiça, mãe vovó e mãe titia, Maria, Filó, Francisca, Gertrudes, Malvina, Alice, toda mãe é como eu disse.
Dona Mamãe ralha e beija, erra, acerta, arruma a mesa,
cozinha, escreve, trabalha fora, ri, esquece,
lembra e chora, traz remédio e sobremesa...

Tem até pai que é "tipo mãe"... Esse então é uma beleza!

(in Se as coisas fossem mães, Sylvia Orthof,
Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro)